"Por que um grupo de comédia que vai fazer cinema tem que fazer algo engraçado?" (Entrevista com Ricardo Pipo - Parte 5)
Santiago Dellape : O curta-metragem À Espera da Morte (assista aqui ) – primeira experiência do grupo na sétima arte – foi vaiado na sessão de estreia, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Como você avalia o episódio? Ricardo Pipo : Primeiro: a gente deu mole em querer fazer em película 35mm. Sabe aquele romantismo? Da banda que vai gravar o primeiro disco, e tem que ser em vinil. "Ah véi, vocês são uns otários, depois vai sofrer tanta interferência digital no resultado final que era melhor ter feito digital." Então teve uma série de equívocos aí. Era uma punheta, a gente se masturbou nesse filme. A gente queria fazer uma coisa pra gente mesmo, sabe? "O que a gente faria assim, sem nos trair?" Sem trair ninguém aqui dentro. O que a gente faria? Aí foi um debate eterno. E o Jovane veio com esse roteiro e chamou a nossa atenção por isso, porque a gente falou assim: "Cara, todo mundo vai falar assim 'Vou rir pra caralho' e se afundando, se afun...
Histórias do Teatro Brasiliense
Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo
Os Melhores do Mundo / Adriano Siri
A Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo é um grupo teatral cômico. Suas origens estão nos últimos anos da década de oitenta, mas o grupo, com a atual formação (elenco), trabalha junto desde abril de 1995. Sediado em Brasília, o grupo criou, produziu e montou mais de 25 espetáculos - todos próprios - e tem estado em cartaz na Capital e em diversas outras cidades do país.
Adriana Nunes, Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues executam todas as atividades artísticas ligadas à montagem dos espetáculos: textos, direção, interpretação, design gráfico, desenho de cenários e figurinos e produção de objetos de cena. A direção técnica - iluminação, som e cenários - fica por conta de Marcello Linhos e a produção geral e captação de recursos a cargo de Carlos Henrique Rocha. Esta é a formação atual da Cia.
Com um humor crítico, permeado por improvisos e preocupado em registrar o presente, o grupo estabeleceu uma enorme empatia com a platéia desde suas primeiras montagens. Notória também pelo caráter inovador, a Cia. levou para o palco temas que falavam a língua da juventude e logo emplacou diversos sucessos entre o público. Assim, seu trabalho rapidamente ganhou fama na cidade.
A partir de 1996, em função do franco reconhecimento e por temer uma queda de qualidade em sua produção, devido ao grande número de montagens em sequência, o grupo percebeu a necessidade de ampliar seus horizontes, começando a trabalhar em novas praças.
Em 1998, a Cia. faz sua primeira grande temporada fora de Brasília, permanecendo no Rio de Janeiro por pouco mais de um ano. O espetáculo levado foi Sexo - A Comédia. Espetáculo que se tornou a principal frente de trabalho do grupo, tendo já sido encenado em diversas cidades e atingido a marca de mais de 200 mil espectadores.
Desde seus primeiros trabalhos, o grupo sempre procurou apresentar-se em Brasília, onde, do ano 2000 para cá, cumpre temporadas vigorosas, conciliando estrategicamente suas montagens em outras praças. Assim, a Cia. permanece em cartaz praticamente todos os fins-de-semana do ano, inúmeras vezes intercalando produções de meio de semana em cidades distintas.
Depois de diversas participações e outras áreas da criação e produção (teatro - tv - cinema), os integrantes da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo hoje dedicam-se quase que exclusivamente às metas do grupo, vislumbrando um grau de planejamento, profissionalismo e de novas possibilidades raras vezes visto no cenário teatral em nosso país. Uma relação de companheirismo e respeito mútuo também tem sido a chave para os ajustes de interesses individuais em coletivos, constituindo o maior trunfo para que se estabeleça uma carreira ascendente e de ampla satisfação para todos.
Após tanto tempo de estrada e de seu vasto repertório, é natural imaginar que a Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo venha desenvolvendo linha estética própria. Quer seja pelos textos, que trazem um mix de crítica social, observações do cotidiano e nonsense, agregado à forma de interpretar dos atores, ágil, jocosa, e pronta para o improviso - já conhecida principalmente do público brasiliense - ou até pela plástica dos espetáculos, definidos normalmente com simplicidade e estilo.
Ainda assim, não acreditamos ser esta a estética do Teatro Brasiliense, mas de um teatro brasiliense. Um teatro que, atualmente, tem expectativas, perspectivas, projetos, patrocínio e, principalmente, público; portanto, um teatro palpável e profissional. Um teatro que preenche um espaço local, dialoga, critica e, assim, legítimo, é brasiliense.
De acordo com o jornalista Carlos Marcelo, na edição de 8 de novembro de 2003 no caderno Pensar, do jornal Correio Braziliense, a Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo vem consolidar o TPB - Teatro Popular Brasiliense: não uma estética definida, mas uma linha de trabalho, uma forma de diálogo. Mais nos interessa o caminho do que o fim.
(SIRI in VILLAR; DE CARVALHO, 2004, p. 222-223)
MONTAGENS
A Culpa é da Mãe (1991)
É a Cara do Pai (1992)
Romeu X Julieta (1992)
Hamlet (1993)
The Best Flashback of Memory A Culpa é da Mãe in Concert (1993)
Aaahhh!!! (1993)
Xixi na Cama (1994)
2 + 2 = 6 (1994)
Tira - Adrenalina em Combustão (1994)
Escrava Isaura - A Comédia (1995)
Nada (1995)
Rumo ao Planeta Boing (1995)
Nada é de Brinquedo Quando Alienígenas Ameaçam Nossas Jujubas (1995)
Hermanoteu na Terra de Godah (1995)
Tudo (1995)
Tira 2 - McCoy is Back! (1995)
Sexo - A Comédia (1996)
Filé Mignon (1996)
Tormentas da Paixão - A História de Rebeca Sinclair (1996)
Misticismo (1996)
Notícias Populares (1997)
Dingou Béus (1997)
Política (2001)
Os Melhores do Mundo Futebol Clube (2002)
FILMOGRAFIA
À Espera da Morte (2007) - Curta-metragem (16 min)
Hermanoteu na Terra de Godah (2009) - Teatro filmado (88 min)
Rumo ao Planeta Boing (2017) - Canal Multishow (1 temporada, 24 episódios)
Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme (2022) - Longa-metragem (84 min)